Como eu sempre falo aqui e na sessão, discutir faz parte de qualquer relacionamento, mas quando os conflitos viram repetições intermináveis das mesmas brigas, o casal pode se sentir preso em um ciclo desgastante.
Muitos casais chegam à terapia com a sensação de que discutem “sempre pelas mesmas coisas” — e, de fato, estão caindo em armadilhas comuns que impedem o diálogo de avançar.
A boa notícia é que, ao identificar esses erros, é possível mudar a forma de se comunicar e transformar a relação. A seguir, comentarei sobre os 3 erros mais comuns encontrados durante um conflito entre você e seu parceiro.
Erro 1: Colocar toda a responsabilidade no outro
Um dos maiores equívocos nos conflitos conjugais é acreditar que “o problema está sempre no outro”. É fácil listar o que o parceiro deveria mudar, mas muito mais difícil reconhecer a própria parcela de responsabilidade.
Esse padrão gera defensividade: quando um ataca, o outro automaticamente se protege ou contra-ataca. Assim, a briga se torna uma disputa de quem está “certo”, em vez de uma conversa para encontrar soluções.
O que fazer:
Troque o “Você precisa mudar” por “O que nós podemos fazer de diferente?”. Essa pequena mudança abre espaço para a colaboração e reduz a sensação de ataque.
Erro 2: Aumentar o tom para tentar ser ouvido
Quando sentimos que não estamos sendo compreendidos, a tendência é elevar a intensidade. Alguns gritam, usam sarcasmo, trazem lembranças de brigas antigas ou até punem o parceiro com silêncio e distanciamento.
Embora pareça uma forma de chamar atenção, na prática esse comportamento aumenta a tensão e fecha ainda mais a escuta do outro. O resultado é um ciclo de ataques e defesas, em que ninguém realmente é ouvido.
O que fazer:
Em vez de elevar o tom, pratique a comunicação assertiva.
Use frases no formato “Eu me sinto… quando acontece… porque…”. Por exemplo: “Eu me sinto sobrecarregado quando chego em casa e encontro a pia cheia, porque já tive um dia cansativo”.
Esse formato expressa necessidades sem gerar hostilidade.
Erro 3: Fugir ou se fechar durante a discussão
Outro padrão comum é a chamada dinâmica “perseguidor e evitador”. Enquanto um insiste em continuar a conversa, o outro se cala, se afasta ou dá respostas vazias apenas para encerrar o assunto.
O problema é que essa fuga gera ainda mais insegurança: quem tenta conversar sente que nunca será ouvido, e quem se fecha acumula ressentimento ou cansaço. Esse desencontro mina a conexão emocional do casal.
O que fazer:
Se sentir que precisa de uma pausa, comunique isso de forma clara: “Estou muito agitado agora, preciso de 20 minutos para me acalmar e depois podemos conversar”.
Essa atitude mostra respeito e compromisso em retomar o diálogo, em vez de simplesmente fugir.
Como quebrar o ciclo dos conflitos no relacionamento
Reconhecer esses erros é o primeiro passo, mas transformar a forma como o casal lida com as discussões exige prática e paciência. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar:
- Aceite que ambos têm razão em partes – em vez de pensar em termos de “certo e errado”, tente enxergar a perspectiva do parceiro como complementar à sua.
- Investigue o que está por trás da briga – muitas vezes, a discussão atual reativa dores antigas, até da infância. Nomear isso abre espaço para compreensão.
- Permaneça na conversa – conflitos saudáveis não se resolvem de uma vez; às vezes exigem várias conversas.
- Seja vulnerável – troque a armadura por frases que expressem sentimentos reais, como “Eu me sinto inseguro quando…” em vez de acusações.
- Busque pontos em comum – lembre-se de que vocês estão no mesmo time.
Conclusão
Conflitos não são o fim de um relacionamento — mas a forma como vocês lidam com eles pode fortalecer ou fragilizar a conexão do casal.
Evitar esses três erros comuns e adotar novas formas de comunicação é um passo essencial para transformar as brigas em oportunidades de crescimento e aproximação.